MúsicaProva dos 9

9 MÚSICAS PARA INDUZIR CATARSES

Ei, psiu: a playlist com todas elas está disponível ao final do post

1. Power (Kanye West)

Eu nunca dei um soco em toda minha vida, mas, quando escuto essa música, sinto como fosse o próprio Rocky Balboa (porém mulher, brasileira, acima do peso e sem harmonização facial). Sabe quando alguém puxa um papo sobre vidas passadas e sempre tem um zé ruela falando que tem certeza que foi alguém importantíssimo, da realeza mesmo? Tipo a Cleópatra? Maior e melhor que esse tipo de egotrip, essa música é feita justamente para prover uma catarse toda calcada na sensação de que você é alguém que tá mudando o curso da história. E quem sabe você tá mesmo?

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2. London Bridge (Fergie)

Talvez você esteja pensando “meu bom Jesus de Matosinhos, Fergie ainda existe?”. Acontece que não importa se ela está presente neste plano ou não, porque ela já foi completa e inteiramente imortalizada para todo o sempre devido ao cristal imaculado que é esta música. Tem dias que você só precisa adentrar um local, seja um banheiro ou uma repartição pública, enquanto escuta essas batidas iniciais, um coro de “oh shit!” ecoando ao fundo e a voz da Fergie mandando um “are you ready for this?”. A resposta é: não. Ninguém está preparado para essa música.

3. Sujeito de sorte (Belchior)

Eu conhecia o famoso refrão dessa música antes de ouvi-la de fato; o famoso “tenho chorado demais / tenho sangrado pra cachorro / ano passado eu morri / mas esse ano eu não morro”. Se só ler esses versos já causa um furozinho no peito, ouvir a música é um convite para fechar os olhos e cantar com força. É aquele tipo de catarse para conseguir continuar seguindo em frente. E cê bem sabe como estamos precisando disso ultimamente, né?

4. Triste, louca ou má (Francisco el Hombre)

Essa aqui também é cantada em nossa língua-materna, o português, o que casa direitinho com o que essa música evoca: toda vez que a escuto, sinto como se estivesse no colo da minha mãe. É um sentimento de ancestralidade e pertencimento incríveis. Sim, eu sei, ela virou um hino tilelê* nos últimos meses… Mas prometo que ela pode te causar uma catarse necessária para quando você precisar lembrar que nós somos nosso melhor abrigo. Brega. Porém verdade.

*modalidade de hippie pós-moderno

5. Creep (Scala & Kolacny Brothers)

Antes que cê me olhe torto por colocar Creep nessa lista (e, mais agravante ainda, ser uma versão cantada por um coral de criancinhas), eu explico: é uma daquelas interpretações que soltam aquele balde de gelo na nossa espinha. Num bom sentido, eu juro. Essa música está numa trilha sonora que foi até indicada ao Oscar: é daquele filme sobre o Facebook, na época em que essa rede social rendia dramas interessantes e não minava regimes democráticos ocidentais.

Resultado de imagem para 5. Creep (Scala & Kolacny Brothers)

6. I’ll make a man out of you (Mulan)

Eu só passei no meu exame de direção depois de ouvir essa música. Foi na minha quarta tentativa e eu já sabia dirigir muito bem, obrigada. Como eu ficava um poço de nervos e já tinha sido injustiçada duas vezes antes, precisei evocar dentro de mim o espírito obstinado de quem vai combater uma invasão dos hunos na China antiga. Essa música é de uma catarse maravilhosa que, ao mesmo tempo que alivia, ainda dá aquela pontinha de esperança. Difícil não ser brega nessa lista.

7. Hopeless Wanderer (Mumford and Sons)

Uma vez eu li um tweet dizendo que dá pra justificar uma multa por excesso de velocidade só olhando na cara do guarda e dizendo “moço, por favor, me entenda: acelerei porque chegou na parte do banjo em uma música do Mumford and Sons”. Para uma catarse ainda mais acentuada, aconselho ver o clipe que, veja só, traz comediantes conhecidos exagerando gostoso no drama, sapecando beijos raivosos e ainda descontando tudo através da destruição de instrumento musicais, como se fossem uma banda de rock da década de 60 – porém com suspensórios e barbas (o que, convenhamos, é super indie dos anos 2010). Best of both worlds, já diria Hannah Montana.

8. Kiwi (Harry Styles)

Essa música é tão poderosa que você acredita piamente que o cantor vai ter um filho seu, e é deste nível de comprometimento narrativo que eu gosto: o que ignora até a biologia humana básica. Você não fuma? Não importa, pois estará tragando um cigarro, ainda que espiritualmente, enquanto ouve essa canção. É perfeita para momentos em que você quer gritar aos sete ventos que não queria se apaixonar, mas agora taí, se ferrando completamente e olhando o Instagram de alguém com tamanho afinco que é capaz de pensarem que a criatura publica legendas com soluções para o cenário geopolítico mundial.

9. Respect (Aretha Franklin)

Ninguém é doido de falar sobre catarse sem imaginar Aretha Franklin, a voz mais potente do último século – segundo eu mesma e, claro, a revista Rolling Stone. Cito essa publicação aqui porque o crítico musical e editor dela, o Rob Sheffield, resgatou a fala de um dos produtores da Aretha ao tentar explicar porque a voz da cantora bate tão fundo: “esta mulher não é entretenimento – ela era a porta-voz de muitas pessoas e como elas se sentem”. Rob acrescenta, e eu assino embaixo, que não importa o gênero que Aretha interpretasse: a sensação de uma intimidade crua está em cada rendição dela. Não podia ser diferente nessa música que virou um hino (antes mesmo dessa expressão cair nas graças do lado descolado da internet).

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Laís Cerqueira é mestre em comunicação, jornalista e divulgadora científica. O gosto vai de Naruto a Guimarães Rosa. É anfitriã da VARANDA.

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