Durante as gravações do Complexo (o podcast da Varanda), quando estamos debatendo sobre um filme ou livro mais antigo, o meu amigo Guilherme gosta de perguntar: essa obra envelheceu bem?

Mas o que é envelhecer bem? Se um filme envelheceu bem quer dizer que ele continua assistível? Esteticamente? Moralmente? Quer dizer que ele estava em conformidade moral com os padrões de sua época e que agora está em conformidade com os padrões morais da atualidade?

Eu não sei se vocês repararam, mas as pessoas voltaram a usar pochete. A adorada pochete dos anos 80/90, demonizada nos anos 00/10, agora está nas passarelas de Milão (e nas ruas dos bairros hipster). Então ela envelheceu mal, depois envelheceu bem? 

E quando a pergunta se refere às pessoas? “Fulano envelheceu bem”. Quer dizer que ele não parece tão velho, ou que ele parece realmente muito velho? Talvez, um bom velho? Quer dizer que está saudável? Que está desejável? Que ainda tem ânimo para dançar? Que faz coisas que um jovem faria? Que participa com vigor da população economicamente ativa? Que faz coisas que um velho faria? Que se livrou da parte ruim da juventude?

O que cada um (e cada cultura) espera de um jovem? E de um idoso? 

Tenho gostado dessa pergunta cada vez mais, porque, sobretudo, ela inclui duas variáveis: o tempo e olhar. Às vezes (só às vezes), penso se seria melhor envelhecer bem ou envelhecer mal. E uma nova série de perguntas se abre.

As crônicas com a tag “Isso foi uma pergunta?” são escritas pelo Ulisses Belleigoli e também estão disponíveis no perfil do Instagram @aquinavaranda.

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