9 FILMES PARA RAPAZES QUE SE APAIXONAM POR RAPAZES
Usei dois critérios para escolher os 9 filmes desta lista. O primeiro foi: eu indicaria esse filme para um homem jovem gay que estivesse tentando entender e gozar de sua sexualidade. O segundo critério foi: algum personagem do filme, em algum momento, se vê apaixonado por um homem. Você vai notar que a lista é bem heteronormativa, mas é porque eu quero fazer uma lista mais queer em um futuro próximo, como o Tatuagem anuncia lá no final.
1. Hoje eu vou voltar sozinho
O filme do diretor brasileiro Daniel Ribeiro é um desdobramento de seu curta-metragem “Eu não quero voltar sozinho” e conta a história de dois adolescentes que se apaixonam na escola. Uma das coisas que eu mais gosto nesse filme é a sua temática ordinária (quem nunca se apaixonou na escola?) tratada de maneira peculiar: os personagens têm nuances delicadas e inteligentes, o que faz com que a sexualidade não fique presa a uma ideia de orientação sexual. ▼
2. Contracorrente
Esse filme é um desses filmes queridos, que eu já vi várias vezes. Ele fala de um amor que é alimentado aos poucos, nos encontros entre Santiago (artista/fotógrafo) e Miguel (pescador /lindo). A história dos dois é ambientada em um vilarejo pesqueiro no Peru, e esse é um dos charmes do filme, pois esse cenário, juntamente com os maravilhosos personagens coadjuvantes, ajuda a destacar a relevância das pequenas escolhas diárias que compõem os caminhos do amor. Para nós, brasileiros, ainda há alguns “easter eggs” a serem encontrados. ▼
3. O segredo de Brokeback Mountain
Esse é, sem dúvida, um dos filmes com temática LGBT com maior penetração no circuito de cinema e entretenimento. As atuações de Michelle Williams, Heath Ledger e Jake Gyllenhaal lhes renderam diversas indicações (Oscar, Globo de Ouro, SAG awards, entre outros). Para mim, uma das belezas do filme é ver um amor que se sustenta ao longo de décadas, o que é muito bem retratado no filme, que vai fazendo curvas entre momentos de tesão, de angústia, de leveza e de tristeza.▼
4. Pecado da Carne
São muitos os filmes que retratam a difícil relação entre a homossexualidade e os dogmas religiosos. O que eu acho que diferencia o roteiro de “Pecado da Carne” é a maneira como essas discussões são colocadas. Aaron (açougueiro), o protagonista do filme, é um judeu ortodoxo que se vê diante de um desejo inegável: o amor por seu aprendiz, Ezri. No entanto, sua religião lhe oferece muitas justificativas e vantagens para quem nega seu desejo. Para quem gosta de teologia, ou para quem se encontra em prisões semelhantes à de Aaron, as conversas sobre tentação e pecado são uma diversão à parte.▼
5. Strapped
Esse é um filme menos conhecido do grande público, talvez até mesmo por sua pegada mais erótica (o que infelizmente ainda é um tabu para o circuito de cinemas – e para a sociedade). Mas foi um filme que me tocou por dois motivos: o primeiro é porque ele é um filme de estrutura, ou seja, a forma como o filme é dirigido por Joseph Graham segue uma lógica em que as repetições vão desvelando novas ideias (para o público e para o personagem principal). O segundo motivo é porque eu acho que o roteiro consegue articular muito bem fantasias, experiências sexuais, desejo e amor; tarefa nada simples.▼
6. Do começo ao fim
O filme de Aluizio Abranches se aventura em um tema polêmico: o incesto. Mais além, o diretor se arrisca a mostrar a relação entre dois irmãos desde a infância. O lugar comum poderia nos inclinar a achar que esses elementos, por si só, já tornariam o filme “pesado” ou “difícil”. Contudo, o romance de Thomás e Francisco é conduzido de maneira leve e profunda: apesar de se dar em um contexto atípico e com complicações (as quais são discutidas durante filme), o amor entre os dois é o eixo que organiza o filme, de modo que é quase impossível não torcer para a felicidade do casal.▼
7. Praia do Futuro
Sobre esse filme, vou falar apenas três coisas que fazem amá-lo, mas são três coisas que considero muito importantes em qualquer filme. Um: os três atores (Wagner Moura, Clemens Schick e Jesuíta Barbosa) dão um show de interpretação. Dois: é um filme que confia nas imagens para contar a história; você precisa se entregar ao que vê na tela, para além do que está sendo dito. Três: o filme tem um clima, uma atmosfera… e ela entra dentro de você. Advertência (para quem tem problemas com ritmo): é um filme lento e acelerado. Convite: as cenas de sexo são convidativas.▼
8. Moonlight – sob a luz do luar
Se eu pudesse resumir esse filme em duas palavras, elas seriam: beleza e visibilidade. A primeira palavra – beleza – é porque o filme é bonito: os atores e as atrizes são bonitos, entregam interpretações bonitas, em cenários bonitos, com fotografia bonita, tudo alinhavado pela direção bonita de um roteiro bonito. A segunda palavra – visibilidade – é porque o filme tem um lugar importante na história não só do cinema, mas de comunidades historicamente oprimidas: é o primeiro filme com temática LGBT a ganhar o Oscar de melhor filme. É o primeiro filme em que todos os atores são negros a ganhar o Oscar de melhor filme. ▼
9. Tatuagem
Esse filme é uma joia. Gosto de tudo nele: da direção, dos atores (especialmente de Rodrigo García no papel de Paulete), do contexto que o filme propõe, da direção de arte, das músicas, dos manifestos intelectuais e estéticos. Quando vi o filme pela primeira vez, saí da sala de cinema e fui vagar pelas ruas de São Paulo, com o peito cheio de expectativas, com vontade de amar e de criar coisas novas. Sobre o que é o filme? Sobre um soldado que se encanta com a vida de um pobre cabaré no nordeste brasileiro durante a ditadura militar. É um filme para pensar e cantar junto.▼
Ulisses Belleigoli é psicanalista, escritor e professor, mas gosta mesmo de ser chamado de contador de histórias. Gosta de cinema, copa do mundo, poesia e ficção científica. É um dos anfitriões da VARANDA.