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9 jogos que deveriam virar livros

Já leu um livro muito bom e parou para pensar: “Isso daria um ótimo filme!”. Ou também o contrário, como um bom filme seria apresentado em forma de livro?

Existem algumas obras que transcendem as barreiras do meio que foram criadas, nos convidando a imaginar como aquele conteúdo seria tão bem aproveitado em um outro suporte.

Isso é o que vou fazer hoje, tentar mostrar porque alguns clássicos e outros não tão clássicos dos videogames mereciam sair dos consoles e irem direto para uma livraria.

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1. Horizon Zero Dawn

Começarei a lista com uma história que me fez levantar do sofá quando finalmente entendi o que estava acontecendo na vida da caçadora Aloy, uma jovem garota tentando sobreviver em um mundo lindo e repleto de animais robôs assassinos apenas com seu arco e flecha nas mãos. 

Sem correr o risco de soltar nenhum spoiler, posso apenas afirmar que o roteiro do jogo é referência direta a um clássico da ficção científica, fazendo minha cabeça girar algumas vezes, não concordando com algumas, mas no final, aceitando que para um bem maior muita coisa deve ser deixada de lado.

Além de ser uma história intrigante com algumas reviravoltas que me deixaram de boca aberta, ainda temos uma protagonista feminina forte e interessante. E como eu disse antes: a possibilidade de caçar dinossauros-robôs-gigantes-atiradores-de-mísseis.

Está bom, né? 

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2. Persona 5

A série Persona sempre foi uma incógnita para mim, mas quando resolvi abrir minha cabeça e tentar entender o motivo do sucesso de um jogo que segue a rotina (durante um ano) de um adolescente japonês, que precisa ir à escola durante o dia e lutar contra monstros durante a noite, foi fácil entender e me viciar em “vou jogar só mais um dia para ver o que acontece”.

Entre as manhãs de estudo e um pouquinho de paquera, nosso herói viaja para o Metaverso, um reino sobrenatural que consiste na manifestação física dos desejos do subconsciente da humanidade e lá ele se torna uma espécie de ladrão, que rouba corações e tenta mudar a mente coletiva de uma cidade.

Arrombar castelos, lutar contra manifestações físicas da mente das pessoas, expor um professor pedófilo, roubar corações e ainda ficar em dia com as matérias da escola: dá pra ver que o jogo é uma pequena aula de psicanálise.

Se fosse se tornar um livro, Persona 5 seria aquele livro que você sempre teve um certo preconceito de ler, que não foi escrito para você, talvez até com um estilo literário que não seja seu preferido, mas que quando você pega para ler não consegue parar até chegar no final.

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3. Monster Hunter

Se Monster Hunter fosse um livro, sem dúvidas seria uma enciclopédia: A Enciclopédia Avançada de Monstros e como Caçá-los.

A série de jogos não é conhecida pela sua história, que pode muito bem ser resumida em uma linha: você é um caçador e aceita contratos para caçar algumas feras gigantes que estão incomodando a vizinhança. 

O detalhe é o que o jogo não deveria se chamar Monster Hunter, mas apenas Monster.

As estrelas dos jogos são os monstros: seus designs, seus comportamentos, habitats, interações com o mundo, interações com outros monstros, enfim, um ecossistema todo criado e funcionando perfeitamente… até nós caçadores chegarmos para matar tudo.

Para quem gosta de muito informação, fazer anotações no canto da folha e da sensação de que nunca vai saber tudo sobre um assunto, Monster Hunter é seu livro, digo, jogo.

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4. Legend of Zelda

O herói fadado a voltar para o mundo sempre que o selo que aprisiona o mal está prestes a se romper. 

Simples assim, já temos o plot para um livro de literatura infanto-juvenil pronto em uma frase. Mas Legend of Zelda ainda tem muito mais camadas para se tornar o livro de uma saga que desbancaria Jogos Vorazes.

Cada encarnação do herói em uma era diferente traz consigo novos desafios. Algumas vezes ele irá falhar; outras vezes, vencer. Em uma era, o mar pode ter tomado todo o continente; em outra, a deusa pode ter elevado os humanos para viverem no céu; e algumas vezes o herói das lendas simplesmente não irá surgir.

A verdade é que a história dessas batalhas não tem um final pronto, a única certeza é que, com o tempo, ela irá ocorrer de novo.

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5. Pokémon

Jogar Pokémon por sua história é pedir para ter uma morte lenta e dolorosa; simplesmente não dá. Já fazem 24 anos que a mesma história é usada, mas a verdade é que o ponto de venda da série de monstrinhos de bolso é outra.

Em que mundo é normal uma criança aos 11 anos sair de casa para viver a vida como um andarilho pelo mundo às custas de rinhas de animais domésticos?

Bem vindo ao mundo de Pokémon!

O verdadeiro motivo para se jogar Pokémon é capturar todas as criaturas existentes e se tornar o melhor dos melhores. “Como fazer isso?”, você me pergunta. Simples: prendendo todas as criaturas que encontrar, colecionar todas, completar a Pokédex (uma espécie de catálogo de todas as espécies que você capturou e deixou trancado dentro de um computador) e, quando você achar que já tem quase todas, você pode trocar seus Pokémons  repetidos por outros novos com outros colecionadores.

O que isso te lembra?

Se você pensou em crueldade animal, você está na pista certa, mas isso assunto é para outro post. Estamos falando de um álbum de figurinhas. A mesma emoção de tirar o Robinho no álbum da Copa do Mundo é o de encontrar um Pikachu na grama alta, tudo em sua devida proporção, claro.

“Temos que pegar 
Isso eu sei
Pegá-los eu tentarei!”

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6. Chrono Trigger

Tudo que aprendi sobre o contínuo espaço-tempo, viagens no tempo e os perigos de linhas temporais alternativas foi com o bom Emmett Brown e seu amigo Marty Mcfly, em 1985.  Porém tenho que assumir que demorou mais de 10 anos para eu pudesse fazer minhas próprias viagens no tempo graças a Chrono Trigger.

Para um adolescente dos anos 90, aquilo era o auge dos videogames. E não seria apenas isso se não fossem os personagens carismáticos e uma narrativa que te faz querer aproveitar cada pedaço da história, com medo do fim chegar.

Chrono Trigger seria um clássico de sci-fi, aquele livro que você leu na infância e quando foi ler de novo depois de adulto a experiência foi tão boa quanto.

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7. Red Dead Redemption

Confesso nunca ter lido um livro sobre o velho oeste, e muito menos tive interesse para tal, mas Red Dead Redemption fez com que eu passasse a respeitar o velho oeste e entender se o motivo de tantos serem fascinados por ele. 

Tudo é tão amplo e bonito que definitivamente não poderia ser resumido em um livro: Red Dead Redemption é uma história de vingança e redenção que merecia se tornar uma Graphic Novel.

Suas cutscenes, suas paisagens… e um pôr do sol que merecia páginas inteiras coloridas, sem balão algum de texto, apenas uma página para ser apreciada.

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8. Resident Evil

Serei bem sucinto sobre que tipo de livro esse jogo seria: eu estava lendo Drácula, achando um livro ótimo por sinal, porém tive que parar de lê-lo pois comecei a ter pesadelos recorrentes com o livro.

Comecei a jogar Resident Evil, comecei a ter pesadelos recorrentes com zumbis.

Acho que deu para entender, não é?

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9. Final Fantasy

Pra começar, Final Fantasy não deveria se chamar Final Fantasy, pois a franquia já teve mais de quinze jogos com o mesmo nome.

Final Fantasy seria aquele tipo de fantasia estilo Tolkien, onde existem livros sobre eras específicas com magias e segredos, outros sobre os deuses e a mitologia, outro sobre um cachorro de brinquedo que vai se encontrar com um dragão na Lua.

Final Fantasy é isso, uma bela bagunça muito bem amarrada pelo uso de espadas (algumas podem parecer revólveres), magias e Chocobos.

Entre remakes e novos jogos, todos são sempre obras primas em matéria de histórias bem contadas, personagens carismáticos e vilões memoráveis. 

Alguns personagens já entraram pra cultura do mundo: quem não conhece Cloud (aquele garoto loiro feito de blocos quadrados com uma espada fisicamente impossível de ser levantada de tão grande).

Final Fantasy, os livros de fantasia que nunca param de serem lançados.

. Guilherme Madeira Martins é cinéfilo, professor e criador do projeto Direito & Cinema. É um dos anfitriões da VARANDA.

Deco Porteira é pai da Lily, gamer e analista de sistemas. É um dos anfitriões da VARANDA.

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