“Você tem que ver essa série!” “Você tem que ouvir essa música!” “Você precisa comer nesse lugar!”

Claro que todos nós já ouvimos essas frases, ou versões parecidas. O famoso boca-a-boca é inclusive quantificado pelas empresas de marketing (aliás, será que agora ainda se chama assim, ou o nome é stories-a-stories, ou dm-a-dm, ou zap-a-zap?).

Mas a pergunta-semente dessa reflexão é: por que será que alguém deseja indicar uma coisa para outra pessoa?

Acho que há muitas respostas pra isso. Mas vou me perguntar sobre algumas por aqui. Será que o motivo de tantas indicações é porque queremos simplesmente compartilhar uma coisa legal? Será que é porque queremos que aquela pessoa veja uma coisa específica naquele material? Queremos colonizar o outro? Ou expandir seus horizontes? Justificar-ratificar-endossar nossas escolhas? Qual é a diferença entre uma coisa que você indica pra todo mundo e aquela que você indica só para um grupo de pessoas? 

Uma vez eu cheguei na locadora que frequentava (saudades!) e o meu amigo Giovane , que trabalhava lá, falou: “esse filme é horrível, mas você vai adorar!”. E ele estava certo! Que tipo de indicação é essa? O que ela considera?

E quando alguém odeia um livro que você ama? O que isso te causa? Depende de quem? E quando você indica algo pra alguém achando que o trem vai mudar a vida dela, mas a pessoa nem tchum? O que a comunhão dos gostos estéticos diz sobre os nossos laços?

Acabei de me lembrar de uma amiga que, mesmo sendo vegetariana há mais de 20 anos, cozinha carnes divinamente (e o faz com frequência para sua família e seus amigos). Há algo de bonito nessa disposição, mas vou deixar as perguntas sobre isso para depois.

As crônicas com a tag “Isso foi uma pergunta?” são escritas pelo Ulisses Belleigoli e também estão disponíveis no perfil do Instagram @aquinavaranda.

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