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9 citações de “A vida mentirosa dos adultos”

Oi, pessoal! Aqui quem está escrevendo é o Ulisses. Nesta semana, nós gravamos um episódio do Complexo sobre o novo livro da Elena Ferrante, A vida mentirosa dos adultos, lançado pela editora Intrínseca. A gravação contou com a participação da Raíssa Pedrosa e foi uma delícia. Em breve, tem podcast no ar!

Enquanto isso, vou deixar por aqui algumas citações do livro. Foi muito difícil selecionar só nove, porque eu marquei mais de 30 passagens muito boas no meu livro. Isso, por si só, já é uma ótimo indicação pra você ir correndo ler e vir conversar com a gente.

1
Foi assim que, aos doze anos, soube pela voz do meu pai, sufocada pelo esforço de mantê-la baixa, que eu estava ficando igual à sua irmã, uma mulher na qual — eu ou ouvira dizer desde sempre — feiura e maldade coincidiam perfeitamente.

2
Respondi que não, e a mentira me causou tal alívio que, imaginei, se eu de fato tivesse feito aquilo, teria saboreado um momento de felicidade absoluta. Então, para testar, em uma tarde transformei a mentira em realidade.

3
Eu gostava cada vez mais de mentir, àquela altura, eu sentia que rezar e contar mentiras me reconfortavam da mesma maneira.

4
Parecia-me humilhante demais falar da história dos peitos grandes e do travesseiro, eu não suportava a ideia de ficar conhecida como a garota que era feia e não queria reconhecer.

5
Eu sentia uma maldade dentro de mim que exigia manifestar-se a todo custo.

6
Àquela altura, crescia dentro de mim uma violentíssima necessidade de degradação — uma degradação impávida, porém, um anseio de me sentir heroicamente torpe.

7
A obediência é uma doença de pele?

8
Ainda hoje tenho curiosidade de saber como nosso cérebro elabora estratégias e as executa sem revelá-las a si mesmo. Dizer que se trata de ações inconscientes me parece aproximativo, talvez até hipócrita. Eu sabia muito bem que queria voltar imediatamente, a qualquer custo, sabia com todo o meu ser, mas não o dizia a mim mesma.

9
Ele sabia dar sentido a tudo que fazíamos, era o seu trabalho, e, segundo meu pai e Mariano, ele era bom no que fazia.

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Ulisses Belleigoli é psicanalista, escritor e professor, mas gosta mesmo de ser chamado de contador de histórias. Gosta de cinema, copa do mundo, poesia e ficção científica. É um dos anfitriões da VARANDA.

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