CinemaLiteraturaProva dos 9

9 momentos que me emocionam em Harry Potter

Se você está lendo esta lista é porque você, provavelmente é um fã de Harry Potter. Então não preciso explicar o quão difícil é escolher apenas 9 momentos emocionantes. Meu critério foi o que dá nome à lista: escolhi momentos que me fizeram perder o fôlego, ou por sua beleza, ou por sua intensidade, ou pelo seu significado. Advertência: depois de ler a lista, vai te dar vontade de reler os livros (mais uma vez!).

1. Hermione obliviando os pais

Sim, eu sei que essa é uma cena do filme (que, no livro, isso é só uma referência). Porém, quando vi essa cena no cinema, fiquei muito emocionado, porque ela representa muito bem a minha personagem favorita, a Hermione, em um momento difícil, no qual faz uma escolha ética decisiva para o restante da jornada. Além da sua inteligência (todos sabemos que, sem ela, não existiria saga), gosto muito de outras duas características suas: a lealdade aos amigos e a solidariedade com os demais. Esse combo “sagacidade-lealdade-altruísmo” são responsáveis por momentos memoráveis da saga, como a criação da F.A.L.E. (Frente de Apoio à Libertação dos Elfos-domésticos), a fundação e comunicação da Armada de Dumbledore e a fuga genial da Casa dos Lovegood, entre tantos outros. A existência da Hermione, por si só, já é um momento emocionante.

2. O espelho de Ojesed

Quando o espelho de Ojesed é mostrado pela primeira vez, somos também apresentados ao desejo mais profundo de Harry, que é o de ter sua família de volta. Da primeira vez que li, fiquei muito tocado com a solidão de Harry. Das outras vezes, mais emocionado ainda, pois sei que ele, a seu modo, conseguiu fazer laços importantes, mesmo com o trauma da perda da família e dos maus tratos por parte dos Dursley. Quando penso que o Harry encontrou em seu caminho os Weasley, a Armada Dumbledore, a Ordem da Phoenix (tantos que o tratavam como um membro da família), fico feliz de saber que, em parte, seu desejo foi atendido.

3. Harry conjurando seu patrono

Um dos meus feitiços favoritos da saga é o “Expecto Pratronum”, utilizado para afastar dementadores (aliás, acho que, apesar de terríveis, os dementadores são uma criação genial da J.K.Rowling). A ideia de um feitiço que se realize a partir de uma memória feliz tem uma relação com o mundo real muito simbólica, já que – como dizia Murilo Mendes – “a memória é uma construção do futuro, mais que do passado”. Esse momento no lago me emociona porque é a primeira vez, após muitos fracassos, que Harry consegue utilizá-lo. É uma pista para o leitor de que o herói vai sim, com o que tem de bom em si, fazer o que é preciso para combater as trevas que assolam o mundo (e as pessoas) que aprendeu a amar.  

4. A última missão de Dobby

Eu sei que só de falar do Dobby já dá vontade de chorar. É, sem dúvida, uma das maiores perdas de toda a saga. Os últimos momentos de nosso elfo livre favorito são marcados por muitas emoções. Eu amo a disponibilidade com que Dobby vai ao encontro de Harry (sempre vai!) mesmo aos lugares que mais despreza (como a mansão dos Malfoy). Depois disso, vemos o poder da mágica de um elfo quando ele facilmente liberta os prisioneiros (o que nos dá mais uma razão para pensar porque são tão oprimidos pelos bruxos). Depois vem o sofrimento de perdê-lo. Eu odeio que a imunda da Bellatrix tenha sido quem o matou, o que só aumenta a dor dessa perda (obrigado, Molly, por ter nos livrado dela, em um outro momento emocionante). Mesmo na hora da morte, Dobby nos alegra com sua maneira bonita de ver as coisas. Ele diz : “Que lugar lindo para estar com os amigos. Dobby está feliz por estar com seu amigo Harry Potter”. Por fim, um dos meus momentos favoritos de Harry: sua decisão de enterrar o elfo. Isso fala muito sobre o personagem e os sentimentos que habitam seu coração. Essa sequência de eventos é mesmo de tirar o fôlego. E para constar: no meu coração, Dobby ainda vive: um elfo livre.

5. A morte do Fred

Ok. Duas perdas em sequência foi pesado de minha parte. Mas é que há, para mim, uma correlação entre elas: elas mostram de maneira muito crua como pessoa boas (e elfos) podem morrer pelas ações despropositadas de tiranos. Pensar que o Fred morreu numa batalha (e não velhinho, rindo junto com George) me dá até um calafrio. Para descrever meu sentimento, utilizo as palavras de J.K. para descrever os de Harry: “O mundo acabara, então porque a batalha prosseguia, o horror não silenciara o castelo, e cada combatente não depusera suas armas? A mente de Harry estava em queda livre, girando descontrolada, incapaz de apreender o impossível, porque Fred Weasley não podia estar morto, o testemunho de seus sentidos devia ser mentiroso…”.

6. Dumbledore nos braços de Harry

Eu amo o Dumbledore. Amo sua relação com o Harry (mesmo sabendo o quão temerário o diretor foi em muitas decisões). Sua morte é mesmo um momento de grande choque e confusão. [Aproveito para confessar que tive um presságio: antes de o livro ser lançado, eu sonhei com a morte do Dumbledore]. Contudo, um pouco antes disso, está um dos momentos que encheram meus olhos de lágrima e meu coração de esperança. Depois de beber o líquido que protegia o medalhão-falsa-horcrux, Dumbledore se viu imensamente fragilizado. Incapaz de nadar para fora da caverna, ele é rebocado por Harry, que, a todo momento, tenta tranquilizá-lo. Em uma dessa vezes, o diretor-amigo responde: “Eu não estou preocupado, Harry. Eu estou com você.” Essa confiança no menino e a sabedoria de transmiti-la – numa hora tão difícil – fizeram eu me arrepiar todo.

7. Narcisa perguntando sobre o Draco

Esse momento pode não ser especial para tantos potterheads, até porque os Malfoy são vistos por muitos como vilões, mas eu acho que eles são uma família pra lá de interessante. Não gosto da covardia que os comanda, e talvez seja justamente por isso que eu me emocione tanto nesta cena. Nos momentos finais da saga, quando Voldemort precisa de uma confirmação sobre a morte de Harry, Narcisa se prontifica a ir até o corpo do menino. Ela está pouco ligando para o desejo do Lorde das Trevas. Ela tem esperanças de ter notícias de seu filho. Para tanto, ela faz um acordo com Harry. Ela se arrisca a desafiar a fúria de Voldemort (caso algo desse errado) para ter a chance de encontrar Draco. Se esse amor, de uma mãe desesperada e corajosa, não lhe balançou nem um pouco, eu o convido a reler esse trecho.

8. Dedicatória do último livro

O penúltimo momento da minha lista não está propriamente na narrativa da saga, mas está nas páginas do livro. Quando eu recebi o sétimo livro pelo correio, eu corri para abri-lo, pois estava ansioso (claro!). E me deparei com a dedicatória de J.K. (que, no livro, está e forma de raio, mas aqui, tá diretão mesmo): “Este livro é dedicado a sete pessoas: a Neil, a Jessica, a David, a Kenzie, a Di, e a você, que acompanhou Harry até o fim.” Um tremor percorreu o meu corpo. Eu estava ali, pronto para ir com Harry, Rony e Hermione até o fim. J.K.Rowling, com toda sua sensibilidade, lembrou-se disso: que a saga era também dos leitores, que nunca abandonaram Harry em sua missão de salvar o mundo bruxo da tirania.

9. Trasgo montanhês

Não me lembro de ter reparado este trecho da primeira vez que li o “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, que é o meu livro preferido entre os sete. Todavia, em todas as outras releituras, eu me arrepiava ao ler esse finalzinho de capítulo. Ele demarca o início da amizade entre Harry, Rony e Hermione. E a saga de Harry Potter, para mim, é principalmente sobre a amizade dos três. Mais do que magia, batalhas, heroísmos e mistérios, o fio condutor da aventura é o laço que une esses amigos. Por isso, esse trecho virou um texto querido, o qual uso de referência para a vida. É com ele que termino minha lista.

“Mas daquele momento em diante, Hermione Granger tornou-se amiga dos dois. Há coisas que não se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro, e derrubar um trasgo montanhês de quase quatros metros de altura é uma dessas coisas.”

Ulisses Belleigoli é psicanalista, escritor e professor, mas gosta mesmo de ser chamado de contador de histórias. Gosta de cinema, copa do mundo, poesia e ficção científica. É um dos anfitriões da VARANDA.

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