Há alguns anos, tínhamos pensado em criar, aqui no blog, espaços para colunistas e críticos, mas esse projeto ficou adormecido. Ultimamente, eu (Ulisses) tenho sentido o desejo de escrever um pouco sobre o que tenho lido/visto/ouvido/experimentado (efeito dessa minha mudança para São Paulo), então resolvi inaugurar um espaço para isso.

Contudo, logo percebi que não queria transformar esse espaço numa coluna (autoral/periódica), nem em um lugar de crítica (o que requer um pouco mais de estudo e algumas diretrizes). O que eu ando querendo fazer é compartilhar alguns olhares sobre algumas coisas, especialmente sobre as coisas que me causam algo. Tudo muito vago, né? Pois parece que é bem esse que vai ser o tom desse sitiozinho virtual (aliás, isso é bem blog raiz, né?).

O nome escolhido para etiquetar esses textos foi emprestado do “Livro dos Abraços”, do Eduardo Galeano, um dos meus autores favoritos. Acho que as palavras desse grande (re)contador de histórias uruguaio explica muito bem o teor dessa iniciativa. No mais, fica aberto o convite para espiadelas e contemplações.

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A função da arte/1
Eduardo Galeano

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
– Me ajuda a olhar!

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