Você sabia que apenas 17% da população é heterossexual?
Eu tenho uma relação de amor e ódio com a sigla LGBTQIAPN+.
Por que eu gosto tanto dela? O primeiro motivo é porque ela existe. E, se ela existe, é porque um monte de gente se juntou para lutar por respeito, por direitos, pela vida das pessoas que estão fora dos padrões heterocisnormativos. O segundo motivo é porque ela cresce. Vão acrescentando letrinhas, aos poucos, para dizer que há mais uma manifestação da sexualidade humana que precisa ser protegida, amparada, reconhecida. Aliás, adoro o + no final, indicando que não acaba ali.
Por que eu também a odeio? O primeiro motivo é porque ela existe. E, se ela existe, é porque vivemos em uma sociedade que estranha qualquer coisa fora do padrão heterocisnormativo, e isso é chato demais! É uma redução da complexidade da sexualidade que me dá até arrepios. O segundo motivo é porque as letrinhas andam brigando um pouco entre si.
Você sabia que apenas 17% da população é heterossexual? [Fonte: CABEÇA, vozes da minha]. Tô brincando com isso, mas é bem sério. Se você é um adulto minimamente atento aos afetos, vai sacar que essa história de que a maioria é heterossexual é um balela sem tamanho. Não há chances de 50% da população ser exclusivamente heterossexual.
Voltando ao LGBTQIAPN+, será que vai chegar um momento que essa sigla vai ter tantas letras que vamos ter que parar de usá-la? Será que ela vai ser substituída por pequenas siglas, meio que num desmembramento? Será que ela não vai ser mais necessária algum dia?
Uma vez vi essa sigla escrita assim: LGBTTQ2SIA+ (ou coisa parecida). E fui atrás de saber o que era o “2S”. Ele fazia referência à inclusão de um olhar de povos nativos da América do Norte, que entendem que algumas pessoas têm os espíritos dos dois gêneros (claro que é mais complexo que isso, mas estou resumindo aqui). Eu achei isso tão lindo! Depois disso fiquei querendo me incluir não no “G” da sigla, mas no “+S” (que eu mesmo inventei), que quer dizer muitos espíritos.
Será que isso faz parte do jogo?
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As crônicas com a tag “Isso foi uma pergunta?” são escritas pelo Ulisses Belleigoli e também estão disponíveis no perfil do Instagram @aquinavaranda.